Vai um cafezinho?
Adoro um café, essa é a verdade. Gosto do aroma, do sabor…
É um vício antigo, que descobri cedo. Um prazer que não dispenso desde que aprendi a saborear, a bebericar em pequenos goles para que dure mais. Para que seja eterno enquanto dura. Cá estou, ainda fã.
Presença indispensável nos encontros. Acompanhado com ele sempre aparece um batalhão de acessórios entre uma porção de bolachas salgadas, um pouco de leite, algumas pedras de açúcar, água gelada para misturar em doses pequenas no café, para não queimar o bico, e um bom papo.
Há tipos de café para todos os gostos. Há quem tome gelado ou pegando fogo.
Lembro-me na minha infância, numas das poucas visitas que fiz a minha falecida vó, em Sergipe, no bairro que não me recordo, do momento marcante em minha vida, que mudaria para sempre a maneira como tomo um delicioso café.
- Bença vó. – Com timidez falei.
- Deus te abençoe, te guarde e te livre de tomo mal. O café já está na mesa. Sente-se aqui.
Com muita graça recordo deste momento, enquanto sentei a mesa, com meu pai e meu irmão, ela pora meu prato cheio de cuscuz com leite, uma quantidade excessiva para um garoto de cinco anos comer e uma xícara de café. Moído na hora, um cheiro inconfundível.
Sem medo de ser feliz, tomei aquela xícara e dei um golaço que me fez derramar lágrimas que jamais esqueceria. Minha vó tomava um café pelando fogo, do jeito que saiu da chaleira. Algo demais para um garoto.
A partir daquele dia, nunca mais tomei café da mesma maneira. Continuo apreciando um bom café, sempre.
- Vai um cafezinho, senhor.
- Claro. Sim… Morno, por favor.
E agora cá estou, enquanto escrevo, pausadamente, dando golinhos de café, degustando com prazer.
Vai um cafezinho?
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