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Eu quero uma máquina do tempo

Apesar de muitas vezes não percebermos, vivemos no passado na maioria do tempo. Pensando nas oportunidades que perdemos, nos momentos que vivemos com as pessoas que não estão mais conosco ou nas nossas memórias felizes. Deixamos o presente para visitar o passado: e se eu tivesse aceitado aquela oferta de emprego, estudado mais, confessado meus sentimentos, prestado vestibular para aquele curso, treinado futebol, aproveitado minhas aulas de violão, jogado na loteria, dito não, dito sim, feito isso, não feito aquilo.

Aliás, quem nunca desejou poder ter uma máquina do tempo para voltar a época em que era criança, corrigir erros, reviver um momento especial ou dizer as palavras guardadas por tanto tempo? Uma máquina do tempo na qual todos os momentos pudessem ser revividos, reaproveitados e modificados, tornando-os assim eternos.

Ultimamente ando querendo e muito uma máquina dessas. Embora eu saiba do poder destrutivo que tal invento teria se ele existisse já que, provavelmente, o desejo de reviver um momento bom nos impediria de viver algum no presente, talvez até melhor do que aquele que já tivemos. Além disso, qual a vantagem de consertar os erros cometidos se aprendemos com eles a pensar duas vezes, a ser mais forte e a evitar erros semelhantes? 

Pensando melhor, voltar no tempo não ajudaria em nada. A possibilidade de não ter segundas oportunidades faz com que aprendamos a dar valor ao nosso agora e nos ensina a sermos corajosos, pois, do contrário, se deixarmos que a chance se perca, talvez não encontremos outra oportunidade para dizer ou fazer o que queríamos.

Por isso quero que a única máquina do tempo seja aquela criada pelo meu cérebro, as lembranças. Recordo-me das coisas que perdi, das pessoas que passaram/ficaram/partiram da minha vida, dos momentos tristes e alegres. Recordo-me por um tempo, mas logo os guardo novamente. Recordo-me e as lembranças trazem junto com elas sentimentos - saudade, felicidade, tristeza, frustração ou paz - que, às vezes, interferem no meu presente.

Não vejo problema em relembrar, no entanto, quando passamos a imaginar o que poderia ter sido diferente se tivéssemos escolhido outra opção ou não tivéssemos cometido tal erro deixamos de viver no presente. Pois, se acreditarmos que perdemos a única chance que tínhamos, deixamos de criar novas e de lutar. 

Não podemos mudar o passado, mas podemos modificar o futuro através das escolhas que fazemos agora, no presente. Pois a nossa vida não é construída a partir das decisões que deixamos de tomar ou das chances que perdemos, mas sim das atitudes que tivemos e das decisões que ainda podemos ter. Portanto, por podermos modificar o amanhã é melhor viver de futuro do que de passado. Pensar em coisas que ainda podemos fazer é mais proveitoso do que imaginar o que poderíamos ter feito.

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IORGAMA PORCELY ESCRITO POR IORGAMA PORCELY Escritora
São Leopoldo - RS

Membro desde Abril de 2010

Comentários

Ataniel
Ataniel

Não adianta ficarmos nos culpando por não ter feito determinadas coisas, o melhor que podemos fazer é aproveitar o presente e ganhar o futuro. Ótimo texto! Parabéns, viu! Feliz dia do amigo! Abraço!