Beijos de sangue
Beijos de sangue.
Já vinham discutindo pelo caminho...
Talvez por ciúmes, ou, falta de carinho.
Triste lar. De amargura e de ódio ia se enchendo.
Os vizinhos só ouviam, comentavam: “Horrendo!”
Não havia cortes, ele tinha força.
As paredes suportavam a pobre moça.
Palavrões, pancadas, humilhações, pancadas.
“Sandra, Maria e Vanessa merecem ser amadas.”
Vinte minutos ou mais ainda a espancava.
De repente o silêncio ofegante pausava,
Os móveis moviam-se, mas não era arrumação,
A criança chorava; dava-se continuação.
Eram jovens, bonitos, um belo par.
Pela juventude pareciam ainda namorar.
Ela tinha olhos de socorro e medo,
Ele o de cruel e malvado desde cedo.
Quantos anos viveriam daquela maneira?
Quem dera aquela noite ser a derradeira;
A última briga, o último levantar de mão;
O primeiro arrependimento, o eterno perdão.
Como será que dormiam juntos?
Quando sozinhos conversam que assuntos?
Seria a mão que espancava,
A mesma que meigamente afagava?
Triste situação daquele casal...
Nas mãos dos vícios, nos braços do mal.
Sabor de sangue os beijos tinham,
Odores de guerras dos corpos vinham.
Luciano Barbosa - 15/01/2003.
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