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A Veadinha

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 Foi na década de 60, me choquei ao ver dois homossexuais se beijando, naquela época eram ainda viados. Tive nojo, preconceito, sei lá, desagradou-me o agarrado de dois homens em um baile. Anos se passaram, recentemente em um Shopping no Leblon me surpreendo, dois homens sentados num bar se pegando, olhos nos olhos, alisando o rosto um do outro, de repente um beijo na boca. Não consigo me acostumar, meus queridos amigos homos que me perdoem, sou moderno apenas na teoria.

 Antigamente todos conheciam os boiolas da cidade, lembro do Ramona, Vicentão, Porreta, contavam-se nos dedos, hoje a fauna se espalhou, assumiram de uma vez, poucos ainda escondem a homossexualidade.

 O mais autêntico de todos durante minha juventude, foi um amigo, Luizinho. Na adolescência despertou sua atração pelo sexo masculino. Aos 18 anos chamado para o Exército, se sentiu no paraíso arrodeado de homens viris. Logo depois descobriram sua preferência, deram baixa a bem do serviço público, estava provocando uma revolução nas Forças Armadas.

 Entretanto, é bom que se saiba, o homossexualismo não é privilégio dos mortais, alguns Imperadores Romanos, Adriano, Alexandre, alguns generais da Gestapo de Hitler gostavam de menininhos. Ativistas do movimento gay querem mudar a história, levando Lampião e Zumbi para suas hostes.

 Luizinho causou escândalo em Maceió, assim que saiu do Exército seu pai o colocou para trabalhar em uma grande loja da família na Rua do Comércio, sua função, comprador, ele recebia os vendedores, os representantes para abastecer a loja. Certa vez apareceu um carioca, alto, bonito, olhos azuis, bem falante, vendia todo tipo de relógio, despertador, relógio de ponto, de braço. Luizinho teve uma emoção ao ver o representante, fez o pedido costumeiro da loja. Puxou conversa com o vendedor. O simpático carioca, malandro, percebeu a queda de Luiz, aceitou o convite para jantar. No restaurante da Fênix pediram melhor vinho, melhor comida, comeram, beberam até mais tarde, Luizinho apelidou o vendedor. Era “Blue Eyes” para lá, “Blue Eyes” para cá. Terminaram dormindo no Hotel Atlântico, onde o representante estava hospedado. Um mês depois ele retornou, Luiz ficou eufórico quando o viu entrar na loja, dizia aos amigos estar apaixonado. O noivo voltou nos meses seguintes. Cinco meses de retorno, o carioca, lamuriou-se, a firma ia colocá-lo na rua, talvez fosse última viagem, esteve doente, não havia conseguido fechar o número mínimo de pedidos exigido pela empresa. Luizinho emocionado mandou o carioca preencher o pedido de quantos relógios quisesse para a loja. O malandro, não se fez de rogado, fez um pedido substancioso. Luizinho assinou, o amante feliz da vida viajou com o pedido gordo e o bolso cheio de cruzeiros, presente de seu amor, prometendo voltar o mais breve possível. Na outra semana chegou uma encomenda na loja, um caminhão, carga inteira de relógios, um bom dinheiro a ser paga à vista, conforme contrato. Seu Luizão, o pai, ficou desesperado, teve que cumprir o compromisso, tirou o filho da loja. Passaram-se dez anos para vender todos os relógios. O carioca nunca mais pisou em Maceió.

  Meu primo, Fernando, negociante de animal novo, toda tarde vendia cachorro, gato, tatu, enjaulados, fazia ponto na Rua do Comércio, negociava sua mercadoria, sem interferência de fiscais. Certa vez ele levou uma viadinha, uma bambi, corda fina no pescoço, chamava atenção, entretanto, ninguém comprava a bichinha, ele baixou preço, quem queria uma viada? Foi quando um espirituoso desocupado falou no ouvido do vendedor, O Sr. Luizão, dono da loja tal tem um viadinho em casa, quem sabe se ele não compra essa viadinha para juntar ao viado que ele cria em casa. Ideia melhor impossível, Fernando colocou o animalzinho no ombro levou-o para loja. Quando Sr. Luizão atendeu, ouviu a conversa de vendedor: “Olha Seu Luizão, uma bela viadinha de apenas quatro meses trouxe para o senhor, bem barata”. E o que vou fazer com uma viadinha?”Retrucou com mau humor o dono da loja. “Ora para fazer companhia ao viadinho que o senhor tem em casa”. Fernando levou dois murros seguidos, saiu cambaleando puxando o animalzinho. Só compreendeu o acontecido quando os gozadores explicaram, o viadinho era o filho do Luizão, o Luizinho.

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Carlito Lima ESCRITO POR Carlito Lima Escritor
Maceió - AL

Membro desde Abril de 2010

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