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PÃOZINHO BURGUÊS

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Deparo-me bem cedo

Com esses seres sérios

Que vivem o trabalho.

Taiers, saltos, pastas e gravatas.

Eu, poeta medíocre, que ando

Nos últimos tempos envolvido

Com o trabalho de viver

Me afundo em vertigem

E me apoio no balcão.

Me vem a lembrança do encontro marcado,

Não o do Sabino, o do salário

Processos, carimbos, protocolos

E minha máquina de escrever,

contemporânea e com vírus.

Reequilibrado, peço três pães

E um jornal pra não ler.

Volto pra casa, vou tratar de minha cinefilia,

Dar palpites no almoço e observar o sol,

Até meio-dia, quando eu meio sério,

Pego Drummond e o ônibus.


Haroldo Porto 

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Haroldo Porto ESCRITO POR Haroldo Porto Escritor

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Ron Perlim
Ron Perlim

É a vida com as suas dores, físicas ou não; mas o fato de percebê-la e tentar transpô-la já não nos torna medíocre.


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