A HISTÓRIA E A FUNDAÇÃO DO MUNICÍPIO DE JEQUIÁ DA PRAIA - ALAGOAS.
A HISTÓRIA E A FUNDAÇÃO DO MUNICÍPIO DE JEQUIÁ DA PRAIA – ALAGOAS.
Os índios Caetés foram os primeiros habitantes primitivos desta região. Eles ocupavam praticamente todo litoral alagoano. Os índios Caetés entraram para história do Brasil, por terem devorado o Bispo Dom. Pero Fernandes Sardinha.
O bispo viajava da Bahia para Portugal na Nau Nossa Senhora da Ajudar quando naufragou na foz do Rio Coruripe em 16 de junho de 1556.
O bispo e mais três tripulantes nadaram até a foz do Rio São Miguel na Barra de São Miguel. Mas infelizmente eles foram pegos pelos índios. O padre e os dois índios da Bahia que falavam a língua Tupi foram liberados. Apenas Dom. Pero Fernandes Sardinha foi morto e saciado pelos índios. Pois os mesmos eram antropófogo.
Segundo relato do tratadista Gabriel Soares de Souza há controvérsia sobre esta acusação. De acordo com o historiador Moacir Soares Palmeira o acontecimento se deu no Rio de Vaza-Barris Que fica localizado entre os estados de Bahia e Sergipe.
Conforme a historiografia de Alagoas os índios Caetés foram condenados por uma bula papal a extinção pelo sacrilégio de terem morto um bispo. E por um dito da Rainha de Portugal Catarina da Áustria em 1557, que tornava todos os índios e seus descendentes condenados, também à escravidão. Esta sentença real desencadeou em 1560, a chamada Guerra dos Caetés. Que culminou com a extinção da grande nação indígena.
Os primeiros brancos a se estabelecerem na região foram os franceses que vinham em busca do pau-brasil. Pois à região de Jequiá da Praia era infestada dessa madeira. Também há confirmação que os espanhóis e os holandeses construíram feitorias às margens da Lagoa do Jequiá com o mesmo objetivo.
Segundo o professor Jaime de Alta Vila. A "lagoa grande de água doce que está junto com a praia" citada na Carta de Pero Vaz de Caminha pode ser a Lagoa de Jequiá. Reforçado pela citação na mesma carta, de que "traz ao longo do mar, em algumas partes, grandes barreiras vermelhas e outras brancas". Referindo-se, sem dúvida às falésias das praias de Jacarecica do Sul e Lagoa Azeda.
Em 1556, foi doada à Antônio Moura Castro por Duarte Coelho donatário da Capitania de Pernambuco uma sesmaria formada pelas terras compreendidas entre o Rio São Miguel e o Rio Coruripe. A partir deste tempo, deu-se início o processo de colonização da sesmaria com a introdução da cultura da cana de açúcar. Registrando-se a implantação do Engenho Jequiá do Fogo, Engenho Ilha, depois Engenho Novo Sinimbu e posteriormente Usina Cansanção de Sinimbu e Engenho Prata, como pioneiros na ocupação da região.
Entretanto, a primeira povoação da região onde se encontra Jequiá da Praia iniciou-se sob a influência da Vila de São José do Poxim. Atual município de Coruripe.
A Freguesia do Poxim foi criada pelo bispo de Olinda em 1718. A capela de Nossa Senhora do Pilar, depois Igreja e hoje Paróquia é uma das mais antigas de Alagoas. Ela foi fundada em 1762. Nossa Senhora do Pilar é a padroeira oficial do município.
A Vila de São José do Poxim se consolidou por estar próximo de um ancoradouro natural, situado onde hoje se encontra a Fazenda Pituba. Onde os navios negreiros atracaram fugindo da armada inglesa. Que não permitia o tráfico de escravos vindos da África. Chegando ao ancoradouro da Pituba, normalmente no mês de junho época do início da moagem da cana. Os escravos negros eram levados até o Poxim onde eram comercializados aos senhores de engenho da região. Os escravos doentes, velhos ou com deficiência física que não eram comercializados ficavam na vila fazendo com que Poxim tivesse uma população predominante de pessoas de cor negra. Ainda hoje, por volta de 70% da população do Poxim é da raça negra.
A família mais antiga a ocupar as terras do atual município foi o português Manuel da Cunha Coelho por volta de 1810. Ele ocupava a localidade de Sítio Espera. Neste tempo, as atividades predominantes eram a retirada de madeira, a produção de côco e da cana de açúcar. Ligados a produção do açúcar aparecem figuras ilustres como o Comendador Miguel Soares Palmeira: "O Barão de Coruripe", e o Sr. Manuel Duarte Ferreira Ferro: "O Barão de Jequiá". Além do filho do português Manuel da Cunha, João Manuel da Cunha Coelho que arrematou em Coruripe o direito à pescaria no Rio Jequiá e respectiva Lagoa.
José Antônio Leão é considerado a figura mais importante dentro do contexto histórico e cultural do município de Jequiá, pelo fato dele ter participado da Revolução Pernambucana em 1817. Ao lado de Manuel Duarte Ferreira Ferro. Ambos defenderam com honra e bravura às terras de Jequiá. Infelizmente o movimento fracassou e Antônio Leão foi preso pela tropa portuguesa e condenado à morte. Antônio Leão sob uma lâmina afiada de um machado deu seu último grito de rebelião abafado na garganta. Em seguida foi esquartejado e as partes do seu corpo foram pendurado em estarcas e postes de madeira e espalhados pelos principais pontos da praia de Jequiá. José Antônio Leão teve o mesmo feitio da morte de Tiradentes. Antônio Leão é considerado na história de Alagoas como o mártir do Jequiá da Praia.
Com o ciclo da produção açucareira, veio o ciclo das barcaças de madeira, movidas pelo vento, que transportavam o açúcar desde o Porto da Boca, na Lagoa de Jequiá até o Porto do Francês ou para o Porto do Jaraguá. Consta que mesmo durante a Segunda Guerra Mundial, os barqueiros se arriscava a serem torpedeados pelos alemães, como o que aconteceu com o navio Itapagé que foi afundado ao longo da costa, na altura da Lagoa Azeda.
A Usina Cansanção de Sinimbu foi construída em 13 de abril de 1893, pelos ingleses, antes era o Engenho Ilha, depois Engenho Novo Sinimbu, pertencente a Manuel Duarte Ferreira Ferro (O Barão de Jequiá).
Em 1951, a fábrica de açúcar passou a pertencer aos irmãos Antônio e Benedito Coutinho.
Em 17 de setembro de 1957, foi encontrado petróleo na região de Jequiá da Praia. Também conhecido como Ouro Negro. Na terra da Fazenda Pecó na proximidade da Lagoa Azeda. Jequiá da Praia teve o privilégio de ser o primeiro distrito a jorrar o petróleo em Alagoas.
O território de Jequiá da Praia originalmente pertencia aos municípios de São Miguel dos Campos e Coruripe. O município foi criado pela lei de número 5.675, de 03 de fevereiro de 1995. Porém, divido alguns problemas jurídicos e administrativos. Somente em 01 de janeiro de 1999 foi instalado o novo município com a nomeação de um administrador Miguel Soares Palmeira.
O primeiro prefeito de fato e de direito a governar o destino do município foi a Prefeita Roseane Jatobá Lins em 03 de outubro de 2000. Ela foi empossada em 01 de janeiro de 2001, depois veio Marcelo Beltrão e consequentemente a prefeita Jeannyne Beltrão. O atual prefeito do município é o jovem Felipe Jatobá.
O Deputado Diney Soares Torres foi o autor do projeto que tornou o distrito de Jequiá da Praia numa cidade independente. Sua Emancipação Política acontece no dia 03 de fevereiro.
O município de Jequiá da Praia originou-se do Rio do mesmo nome. É uma cidade pacata, hospitaleira e cheia de encantos naturais. Suas praias e suas lagoas são os cartões portais da cidade como também do estado de Alagoas. A culinária vem crescendo a cada dia mais. Atraindo turistas do Brasil e do Exterior.
Segundo afirma os moradores que a mãe natureza nasceu e mora em Jequiá da Praia.
* Texto Escrito Por Ernande Bezerra de Moura
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