Nada que possuo
Fecho a porta
e deito-me no chão frio do meu quarto.
Olho para o teto,
penso em ver o céu,
mas a única coisa real aqui é o teto.
Ainda que a vontade do desejo seja real,
não é a vontade ou o desejo que o torna real,
e mesmo se eu possuísse o céu no qual desejo,
eu olharia para baixo,
e desejaria deitar no chão frio do meu quarto para olhar o céu que eu desejaria.
Amarro-me à cadeira,
ponho em meu dedos a caneta,
e com a caligrafia rápida desses versos,
escrevo nobremente na esperança que,
ao término, eu olhe sobressaltado com um sentimento de que o que fiz, preste.
E é assim na quarta, na quinta e ao cair do dia;
o que fim não foi o melhor,
ainda não presta.
Deito tudo de lado e esqueço por um tempo que,
para escrever esses versos de caligrafia rápida,
foram necessárias algumas xícaras de angústia
com o café sentado à mesa.
então como não sei de nada,
deito-me em qualquer lugar da casa,
olho para onde olharem meus olhos,
e penso na relva das vontades humanas.
Autor: Charlles Oliveira
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