ENGENHO CONCEIÇÃO: UM LEGADO AÇUCAREIRO EM SÃO MIGUEL DOS CAMPOS
O ENGENHO CONCEIÇÃO: UM LEGADO AÇUCAREIRO EM SÃO MIGUEL DOS CAMPOS
O Engenho Conceição, erguido próximo ao rio São Miguel em meados do século XIX, representa um importante capítulo na história econômica e social de São Miguel dos Campos, Alagoas. Sua construção, concomitante à elevação do povoado à condição de vila em 1832, sob a propriedade do Coronel Elías de Almeida, reflete a pujança da produção açucareira na região. As terras férteis propiciaram o florescimento do empreendimento, que englobava a casa grande, a moenda (acionada por força animal ou humana), a casa das caldeiras e fornalhas, a casa de purgar e a senzala, elementos característicos do sistema de produção escravista.
A produção açucareira do Engenho Conceição seguia o processo tradicional: da colheita da cana, transportada por carroças de bois, à moagem, fervura, purgação e finalmente, o acondicionamento do açúcar mascavo ou refinado em pães, para posterior transporte fluvial até o porto do Francês e, de lá, para a Europa. Um açude próximo assegurava o abastecimento de água para o complexo industrial e os moradores.
O Engenho Conceição destacou-se na produção açucareira, ao lado de outros importantes engenhos da região, contribuindo significativamente para o desenvolvimento econômico local e para a formação da Companhia de Melhoramento do Vale do Rio São Miguel, precursora da atual Usina Caeté. Contudo, a modernização da indústria açucareira, no século XX, inviabilizou a manutenção de muitos engenhos, incluindo o Conceição. Restou, por algum tempo, apenas a casa grande, que chegou a funcionar como restaurante, testemunho de um passado glorioso. A transição para fazenda, sob a administração da família Almeida, representou o fim da era do engenho, mas não apagou sua importância na história de São Miguel dos Campos. A transformação em fazenda e, posteriormente, a locação das terras para a Usina Caeté, marcam o encerramento definitivo de um ciclo, mas a memória do Engenho Conceição permanece como um símbolo do desenvolvimento açucareiro alagoano.
* Texto Escrito Por Ernande Bezerra de Moura
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