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POEMA-CONTO

• Atualizado
Já tive fazenda, S10, Toro, gados.
Casa com quatro quartos, piscina, suítes,
Empregados e até apartamentos.
Fui empresário, já viajei para Europa
Com esposa e filhos.
Nasci num ambiente muito humilde
Meus pais fora analfabetos.
Desde meus 14 anos comecei a labutar
Cheguei abandonar o banco escolar
Para ajudar a família na fazenda.
Porém sou bom em cálculo, mecânica e desenho.
Na época, fui um filho obediente
Ajudava os pais no campo
Acordávamos cedíssimo, antes do galo cantar
Meu pai trabalhava na lavoura
Minha mãe tirava o leite das vacas e cozia
Meu irmão mais velho dava de comer as ovelhas,
As galinhas, aos porcos, aos cavalos.
Minha irmã brincava no campo com as bonecas
Eu recolhia feno, consertava o trator, limpava o estábulo.
Depois de alguns meses, meu irmão mais velho
Foi sucumbido aos 29 anos de uma grave doença incurável.
Meu pai resolveu vender a fazenda
Fomos morar na cidade
Longe daquele lugar lindo
Éramos acordados raramente ao som do galo
Sentíamos o perfume da natureza
O cheiro da terra molhada.
Meus pais, minha irmã e eu
Somos acordados agora ao som estrepitoso de automóveis.
Logo após estabelecermos a nossa estadia na cidade
Meu pai começou a trabalhar como mecânico
Já a minha madre iniciou a sua venda com comida
E eu voltei a estudar e trabalhar como menor aprendiz
Minha irmãzinha ajudava a mamãe nas vendas.
Meus pais e minha irmã começaram a visitar igrejas, – menos eu.
Comecei ajuntar quantia monetária para sobreviver nesta cidade
Com sua gente bruta, estupida, grossa, sendo néscios de espírito.
Que se mostram com seus carrões de luxo, suas roupas de marcas
Causando em mim, inveja. Um espírito que não cheguei a conhecer
Pois, fiquei sabendo, durante a vivência nessa cidade, com sua gente
Orgulhosa, arrogante, mal-educados que fingem serem o que não são.
Dizendo que não se deve confiar em ninguém dessa cidade.
Saio da casa de meus pais
Por se tornarem evangélicos
Falaram de um homem que vivera há dois mil anos
E que andara com pecadores e rameiras
Não fazia acepção. E que suportara perseguições
Não tinha hora para pregar. Visitar enfermos, viúvas...
Tudo aquilo deixou-me cansado e monótono.
Logo após, ao atravessar a porta, matei minha família no coração
Depois de fazer amizade, as pessoas indagava-me sobre
Minha família; dizia-lhes, que eu era órfão. Vivia só na metrópole.
Apesar da convivência, fui me contaminando com os manjares,
Vestimentas, festas daquele povo. Tornei-me igual a eles.
Fui conquistando as coisas. Tornando-me rico. Empresário.
Casei-me com uma sergipana, e deu-lhe-me dois filhos.
Os pais da minha esposa são evangélicos. Evitava-os de visitar.
Embora estamos há sete anos de matrimônio
Prosperando financeiramente. Conquistando bens.
Viajando a negócios. Deixando a família para escanteio
Fui me envolvendo com mulheres, que me ensinaram a ser infiel.
Bebia melhores vinhos, champanhes, vodcas que o mundo me dava
Fui queimando a pecúnia nos prazeres da carne.
Tirei de mim, àquele homem que em outrora era humilde e obediente
Não me via mais naquela personagem. – Nunca pus meu pé na igreja.
Nunca cheguei a folhear as páginas do livro Sagrado e, máxime lê-lo.
Eu mesmo me empurrei a ruína e desgraça
Fali a empresa que um dia lutei para erguê-la
Os bens devorados por causa do meu pecado
Destruí meu casamento. Afastei-me dos meus filhos
Fui me tornando estupido, ganancioso, ambicioso. Cego fui.
Ficava me achando com aquilo que tinha. Humilhava os outros.
Agora, vejo-me jogado na sarjeta.
Para matar minha fome, como do lixo.
Para matar minha sede, tomo água suja
Os que andavam e comiam comigo, me rejeitaram
Mataram-me em seus corações, como fizera eu com minha família.
Estou largado, como vira-lata pelo seu dono
De vez em quando, não durmo, medo de não acordar
A culpa traz à memória a forma como tratei meus pais
De tê-los esquecido. De tê-los machucado. E não ter pedido perdão.
O dia amanhece trazendo bênçãos, reconciliações para aqueles...
Tenha-se em vista que não mereço, por causa do mal que fiz
Talvez meus pais não me perdoa. Talvez não voltam a me amar.
Talvez a minha irmã tenha ódio de mim, pois faz há anos que não os vejo
Talvez a minha ex-esposa com meus filhos não me aceitam
Ou seja, não sei memorizar rostos e nomes de ninguém. Esqueço com facilidade.
O dia começa a descansar do longo percurso que teve pela frente.
Afinal, continuo largado nas ruas da cidade. Fedendo. Com fome.
Passo em frete a uma igreja pequena
Cabelo grande e sujo. Barba crescida
Camisa branca encardida. Unhas pretas. Bermuda meio acabada.
Nem os abutres se aproximam de mim
De tão podre e imundo que estou.
Um idoso me chama de dentro
Daquele templo pelo nome "Marcos!"
E disse, "sou teu pai, filho". Fui em sua direção. Estava atônito.
Ele me abraçou fortemente chorando. E eu idem.
Uma senhora também me abraçou. Falou-me que
É minha mãe, soluçando. Em seguida, uma jovem por volta
De 28 anos, falou "meu irmão, que saudade, amamos-te".
As lágrimas desaguaram como cachoeira dos meus olhos.
Levaram-me para casa, que um dia foi meu lar
Deram-me de comer, de beber, de vestir
Olhei para a parede e lá estava o retrato do meu irmão falecido
Depois, dirigimos a sala de visita. Conversamos. Pedi perdão
Eles me perdoaram. Até a minha irmã que é juíza federal.
A campainha soou, era minha ex-esposa com meus filhos
Que também, cederam-me seus perdões. Cair no choro.
Minha esposa investigou minha família que um dia matara no coração.
Três dias depois da minha estadia em casa
Meu pai levou-me a igreja,
Vindo eu arrepender-me pela forma que agir.
Aceitei o Senhor Jesus, como meu Salvador.
Dois meses se passaram, quando foi na noite do dia da Páscoa
Meu pai veio a óbito. Morreu dormindo.
Neste momento, descansa no Seio de Abraão.
Aos 45 anos de idade me torno
Pegureiro da igreja onde aceitei Jesus.
Nasci de novo. Voltei com a minha esposa. Somos evangélicos.
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04 de novembro de 2022 às 13h25
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André R. Fernandes ESCRITO POR André R. Fernandes Leitor
Manaus - AM

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