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“DÁ NÃO... DA DINHEIRO NÃO!”

(...) Dinheiro, minha cara , no entanto, dá, aqui no Brasil, quando o sujeito é craque de futebol...

Resposta dada hoje a uma colega de serviço que muitos anos atrás, ao descobrir que nas horas vagas eu gostava de "escrevinhar" , me perguntara sem nenhum pudor: "DÁ DINHEIRO ESSE NEGÓCIO AÍ, DÁ?!"

Ocorre que, na ocasião, talvez com alguma razão, fiquei tão revoltado por uma pessoa confundir assim tão grosseiramente, o que seria arte com dinheiro, que nem o conseguir responder nada, tamanha minha indignação!

Hoje, porém, passados alguns anos e quiçá até década, responderia, sem dúvida sua indagação com os termos constantes no título: "NÃO, DÁ DINHEIRO NÃO!" E ainda complementaria: "E DÁ SIM, PREJUÍZO!"

Por esses dias cansado de escrever em regime de auto – publicação, procurei uma editora, dita Internacional, (*) com renome no exterior e após ter "meus nobres" escritos, submetidos a uma junta de avaliação e depois de pagar imensa soma em espécie, aprovaram e publicaram algo que escrevi!

Ocorre que a tal editora, nem sequer teve a delicadeza de colocar uma pequena foto do autor, que fosse, na contracapa do "negócio!" E sobre isso eu deixarei para comentar posteriormente. Não que eu faça questão de ter minha "linda" cara exposta! Não é isso! O que me incomoda são as circunstâncias da omissão e do descaso... Racismo, por exemplo... Além, de como no "início do século", me "jogaram nas mãos", um monte de exemplar que logicamente, estão sendo muito úteis para mim: como contra peso, suporte para copos, escorador de portas e em alguns casos excepcionais, como cartão de visita... Neste caso, um verdadeiro luxo!

Ah! minha cara se você soubesse...

Escrever para algumas pessoas e eu me coloco nesse rol, é como o saco de pancadas para os lutadores... É algo para desabafar, treinar, colocar para fora, esmurrar... Assim é que são as "letras" em sua junção para a formação de um texto que compõem uma crônica, uma poesia ou um livro completo!

Acredito que o único escritor na face da Terra que hoje escreve somente por dinheiro e inclusive seu nome consta em uma "Cadeira" da Academia Brasileira de Letras, se chama Paulo Coelho, ex parceiro de Raul Seixas, que vez ou outra faz questão de negar essa parceria!

O resto, cara senhora, escreve por escrever. Ou seja, escreve quando dá para ver como é que fica... Dinheiro para àquele que tem nesse "passatempo", nessa ocupação , sua maneira de desabafar, questionar, se revoltar, etc., é um mero detalhe!

E mais: muitos escritores de verdade, entre os quais, sou naturalmente excluído, morreram pobres e nunca tiveram grandes regalias, quiçá, grandes alegrias. Veja-se por exemplo: EUCLIDES DA CUNHA, GRACILIANO RAMOS, CASTRO ALVES, AUGUSTO DOS ANJOS, CRUZ E SOUSA, etc., dentre tantos outros!

E pior: muitos nunca tiveram seu talento reconhecido em vida e somente após a morte é que fizeram sucesso, por exemplo, uma sua obra, como fora o caso de AUGUSTO DOS ANJOS!

Um ser humano comum, talvez não saiba que se dirigir àquele ou àquela, que exerce alguma função ou exerce alguma ocupação , por verdadeiro e desprendido amor, no sentido de colocar aquilo que ele acredita ser um dom no mesmo patamar das trivialidades materiais é uma verdadeira afronta e em outros tempos, com certeza, seria mais que suficiente, para ter como material para ensejar um duelo... Quer dizer, não nesse caso, pois, se trataria de ação de uma suposta "dama" para com um "varão" e os duelos, geralmente se estabeleciam normas entre sexos opostos... do contrário, em outros tempos, não teria o mínimo pudor, ignorando a nuanças e as regras, sacar de um lenço, desferir suave golpe em seu rosto e a chamar para um confronto em outro dia, logo pela manhã...

Dinheiro, minha cara , no entanto, dá, aqui no Brasil, quando o sujeito é craque de futebol...

(*) YPÊ DAS LETRAS.

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