20 DE NOVEMBRO ANIVERSÁRIO DO NASCIMENTO DE JOÃO LINS VIEIRA CANSANÇÃO DE SINIMBÚ

20 DE NOVEMBRO ANIVERSÁRIO DO NASCIMENTO DE JOÃO LINS VIEIRA CANSANÇÃO DE SINIMBU

João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu, figura controversa da história brasileira, nasceu no mesmo dia da morte de Zumbi dos Palmares, um fato irônico que reflete a complexidade de sua trajetória. Sua vida, marcada por uma extensa carreira política – presidente de províncias, deputado, senador, ministro e embaixador – contrasta com a sua posição a favor da escravidão, um paradoxo que exige uma análise cuidadosa.

Apesar de ter participado de movimentos revolucionários como a Revolução Pernambucana de 1817 e a Confederação do Equador de 1824, ao lado de sua mãe, Sinimbu se posicionou contra a abolição, defendendo a instituição escravocrata em um período em que o abolicionismo ganhava força. Essa postura o coloca em oposição a figuras como Joaquim Nabuco e José do Patrocínio, representando um conflito ideológico central no Brasil do século XIX.

A ironia se acentua com a medalha de honra recebida da Princesa Isabel em 1888, ano da abolição, apesar de sua oposição prévia. Esse gesto pode ser interpretado como um reconhecimento de seus serviços ao Império, mesmo que suas convicções ideológicas fossem contrárias à tendência da época. A posterior queda em desgraça após a proclamação da República, seu empobrecimento e a recusa de uma aposentadoria oferecida pelo Marechal Deodoro, demonstram a fragilidade de sua posição em um novo contexto político.

Sinimbu representa, portanto, um personagem complexo e contraditório da história brasileira. Sua trajetória política bem-sucedida contrasta com suas posições conservadoras sobre a escravidão, deixando um legado ambíguo que merece ser estudado com nuance, considerando o contexto histórico e as contradições inerentes à época. A falta de reconhecimento de sua figura na historiografia oficial reforça a necessidade de uma revisão crítica, que permita uma compreensão mais completa e justa de seu papel na formação do Brasil.

* Texto Escrito Por Ernande Bezerra de Moura