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A noite do Digão.

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Meia-noite e meia, acusou um alarme ao longe. No horizonte, a Lua Nova, neste momento, esparramava sobre a Terra claridade tão forte, que a lâmpada queimada, no poste, passou despercebida. Digão subia a rua deserta caminhando solitário pela calçada até que um perfume sedutor conduzido pela brisa roçou-lhe as narinas. Aquele aroma atraente atiçou seus instintos. Atrás de desvendar a direção e a fonte da tentação, ele parou no meio do caminho, elevou a cabeça, aspirou fundo e percebeu que a origem do cheiro, estava logo adiante, nalgum ponto mais além.

Quando Digão abandonou o conforto da sua cama para dar uma volta pela vizinhança, queria apenas esticar as pernas e perambular pela cercania, e saiu de casa, sem a menor pretensão de fazer coisa alguma; tudo mudou de repente, e agora havia um motivo especial para ele estar ali, motivo este, que mudaria completamente a sua vida.

Levado por impulso natural continuou avançando na direção do bálsamo afrodisíaco e, por nada neste mundo abriria mão do prazer que ele prometia. Na medida em que se adiantava, notava que o cheiro se intensificava; ao se abeirar do muro, na divisa de um terreno baldio, de cara enxergou Lola do lado oposto com os olhos atentos aos seus; estacou de pronto e, sereno, certificou-se de que eles dois estavam a sós. Lola moveu a rabo levemente e permaneceu como estava, parada e encantada com a chegada de Digão. Este, com o coração apertado, aproximou-se dela com cautela e demonstrando afeição.

Lola, no cio, sabia o que iria rolar, e estava ali, naquele local, àquela hora, justamente pelo que prometia esse encontro, e, para facilitar as coisas, ronronou baixinho. Digão, já cheio de confiança, roçou a cabeça em seu pescoço. Ela retribuiu o carinho e se abaixou submissa. Digão, então, trepou nas costas de Lola, mordeu-lhe o pescoço com vontade...

Dali em diante uma nuvem espessa encobriu a Lua, a noite mergulhou no escuro e nada mais se viu. Mas ouviu-se: longos miados lascivos repletos de prazer e volúpia noite adentro por minutos sem fim.

Foi assim...

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Dilucas ESCRITO POR Dilucas Autor
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