A BAIANA DOS HOMENS DE SÃO MIGUEL DOS CAMPOS: UM FOLGUEDO EM BUSCA DE CONTINUIDADE
A BAIANA DOS HOMENS DE SÃO MIGUEL DOS CAMPOS: UM FOLGUEDO EM BUSCA DE CONTINUIDADE
A Baiana dos Homens de São Miguel dos Campos, Alagoas, possui uma história marcada por interrupções e recomeços, refletindo a fragilidade da preservação de manifestações culturais populares. Sua origem, por volta de 1973, remonta a uma brincadeira carnavalesca que evoluiu para um grupo folclórico, liderado inicialmente por João da Baiana e impulsionado pela iniciativa de Osmar da Bateria. O sucesso inicial, com apresentações em festas religiosas e eventos culturais, não foi suficiente para garantir sua permanência, e o grupo foi extinto no meio da década de 1970.
A década de 1980 testemunhou uma ressurreição, graças ao trabalho de Geraldo Bezerra da Silva, que, com o apoio da comunidade e lideranças locais, reativou a Baiana dos Homens sob a direção de Jovelino. Este período foi marcado por apresentações em diversas cidades alagoanas, contando com o apoio de importantes figuras da cultura local, como Gladys Bezerra Apratto e José Barbosa de Moura. A caracterização marcante – saias de chita, blusas brancas, lenços e adereços – e a divisão em dois cordões (azul e vermelho) com uma Diana central, contribuíram para o seu reconhecimento. No entanto, a década de 1990 trouxe novamente o fim das atividades, devido à dispersão dos participantes.
Um novo ciclo começou no início dos anos 2000, com a iniciativa de Letarcio Paixão, que reuniu novos integrantes e levou a Baiana dos Homens a participar da X Bienal Internacional do Livro de Alagoas. Apesar desse sucesso, a continuidade do grupo depende do apoio institucional, um desafio que reflete a luta constante pela preservação das tradições populares. A Baiana dos Homens, como parte integrante do patrimônio cultural de São Miguel dos Campos, merece a atenção e o investimento necessários para garantir sua sobrevivência e perpetuação. Sua história demonstra a importância da valorização do folclore e a necessidade de políticas públicas efetivas para a salvaguarda dessas manifestações culturais tão ricas e representativas.
* Texto Escrito Por Ernande Bezerra de Moura
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