A CONSCIÊNCIA NEGRA EM SÃO MIGUEL DOS CAMPOS: HERÓIS E HEROÍNAS SILENCIADAS
A CONSCIÊNCIA NEGRA EM SÃO MIGUEL DOS CAMPOS: HERÓIS E HEROÍNAS SILENCIADAS
São Miguel dos Campos, em Alagoas, possui uma rica história permeada pela presença negra, muitas vezes silenciada nos registros oficiais. A valorização da contribuição afrodescendente para a construção da identidade local exige o resgate de figuras emblemáticas, como Rosa Gentio da Costa e Nair da Rocha Vieira, que, embora em contextos distintos, representam a força e a resistência da população negra.
Rosa Gentio da Costa, a "Heroína Negra de Alagoas", encarna a luta contra a opressão colonial. Sua participação na Revolução Pernambucana de 1817, mesmo que em posição subalterna como espiã, demonstra sua coragem e lealdade, atributos que a levaram a suportar torturas extremas em nome do segredo. A narrativa, no entanto, precisa ser analisada criticamente: a imagem de heroína precisa ser contextualizada dentro das complexidades da época e da sua posição social, evitando a romantização excessiva que pode obscurecer as nuances da sua história.
Já Nair da Rocha Vieira, ou Nair da Albertina, representa a preservação da cultura afro-brasileira. Sua dedicação à dança das Taieiras, um folguedo de origem africana, a consagrou como uma importante figura na memória cultural de São Miguel dos Campos. Seu trabalho como mestra das Taieiras garante a transmissão de um legado cultural vital, mantendo viva a tradição e a identidade afro-brasileira na região. A valorização de Nair como guardiã da memória local é fundamental para a construção de uma narrativa histórica mais completa e inclusiva.
Em suma, Rosa Gentio da Costa e Nair da Rocha Vieira, apesar de suas trajetórias distintas, simbolizam a riqueza e a complexidade da contribuição negra para São Miguel dos Campos. O resgate de suas histórias, com suas nuances e contradições, é essencial para uma representação mais justa e abrangente da consciência negra no município, promovendo o reconhecimento e a valorização da sua herança cultural e histórica.
* Texto Escrito Por Ernande Bezerra de Moura
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