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Por que a gente nunca sabe de quem vai gostar?

 
Inspirado na música:
"Ana e o Mar" - O Teatro Mágico
 
 
Diferente do que muita gente pensa, o amor que o Mar sente por Ana é correspondido. Não é falta de amor por parte da menina que os separa, pelo contrário, ela corresponde igualmente.
O que os mantém separados é à distância.
Ana sobrevive a essa distância sonhando com o próximo amanhecer: instante em que ela entra em suas águas.
Ele sobrevive buscando, nas praias e portos, histórias para contar a sua pequena menina antes dela adormecer.
Eu tenho pena do mar.
Eu tenho pena de Ana.
Ambos, vivem um amor impossível e sobrevivem de efêmeros encontros, uma vez que o mar não pode viver na terra e a menina não pode viver na água.
Ele tem medo do sol.
Ela necessita de ar.
Pobre mar e pobre Ana, por que não se apaixonaram pelos seus iguais, ao invés, de buscar aquilo que era diferente?
Mar: por que você não pode se desapaixonar da menina?
Ana: por que você continua a gostar dele, mesmo sabendo que é um amor impossível?
É tão mais fácil amar quem ama a gente ou quem é igual a gente...
É tão menos doloroso gostar de quem gosta da gente.
Mas não, eles, preferiram continuar a lutar pelo direito de amar.
É fácil perceber o quanto o mar se alegra com a menina... O quanto o riso de Ana o faz feliz... O quanto ele se empenha em aproveitar ao máximo os momentos em que ela entra na água para se amarem.
A menina, por sua vez, morre de vontade de virar sereia para viver ao lado dele... Para viver dentro dele. Ana anseia pelo amanhecer para receber os presentes que o mar trás para ela na primeira onda: tesouros, beijos, conchas, pequenas gostas e caravelas.
E apesar de tudo insistir em mantê-los separados, o mar e Ana lutam para permanecerem não perto, mas dentro um do outro, fazendo pouco caso dos motivos que os separam, sejam eles: a distância ou as diferenças: ele é água, ela é humana; ele é secular e experiente, ela é menina e inocente.
Talvez fosse mais cômodo para o mar amar uma lagoa e para Ana amar um menino, mas eles simplesmente não conseguem afastar desse novo amor.
Por mais que Ana se afaste das suas ondas, ela o escuta chamando. Ela sente que ele a procura em todas as praias, em todos os portos. E, assim, a menina volta para ver a cada madrugada o sorriso do mar ao olhar para ela.
 
Me deu uma inveja da coragem da Ana e do Mar.
Dedicado a todos que são Anas ou que são mares.
:)
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IORGAMA PORCELY ESCRITO POR IORGAMA PORCELY Escritora
São Leopoldo - RS

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