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Da seiva da Lagoa do Mundaú

Mulher refeita pelos raios do arrebol
a Deus agradece a luz salvífica
incrustada dentro dos pretos capotes
sob as águas da Lagoa do Mundaú

Com suas mãos de marisqueira
dia após dia, tece a trama do futuro
e com o orgulho de uma alagoana
de mente fortificada pelo fosfato
encaminha seu filho à escola

Não o verá nos semáforos a esmolar
limpando os parabrisas dos abastados
vendendo mariola em troca de um trocado
nem cortando os pés nos capotes do sururu
ou ao léu, nos becos, cheirando craque e cola

Chafurda na lama, mas respira esperança
e altiva, não prescinde do ar da dignidade
vai à cata do sururu que lhe dá o angu
enleva-se, eleva-se, louva o grande Deus
reverencia a Lagoa do Mundaú

Já cansada, queda-se ao declinar do sol
não sem antes beijar do filho a face
ensinar-lhe a lição, um princípio ético
bendizer a sobrevivência à custa do sururu
dessa rica seiva da Lagoa do Mundaú

Simone Moura e Mendes

www.simonemouramendes

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Simone Moura e Mendes ESCRITO POR Simone Moura e Mendes Escritora

Comentários

deconhecido

Linda a poesia Simone, bjs

deconhecido

Simone, lindo texto. Obrigada por plantar esse sonho. Beijos, Alda

deconhecido

A prazeroza leitura do poema "Da seiva da Lagoa do Mundaú", de Simone Moura e Mendes, leva-nos a algumas pontuais considerações: - estilo poético, moderno, duma tocante estesia; - personagem nordestina, corajosa e exemplar; - temática atual, oportuna e defensável. Com estas adjetivações, parabenizo a inspirada poetisa. Juarez Montenegro