O Perfeito Sacrifício
Sob o olhar atento da população, pelas ruas da cidade passava um homem. Ele acabara de ser julgado e condenado. Sangrava e andava em passos brandos. Seu sangue avermelhava o chão petrificado. Cada célula daquele líquido que jorrava sem pudor deixava um imenso legado do quanto ele amava.
A dor intensificava-se a cada instante de modo que este pobre homem – maltrapilho, desprezado – chegou a cair no chão. Seu corpo estava aos poucos desfalecendo, mas em seu coração, com veemência, estava aceso o desejo da liberdade de seus irmãos.
Aquele homem queria, sobretudo, pagar com sua vida por um erro cometido muito antes de seu nascimento. Um erro cometido pela principal criação de seu pai. Sentia na pela a solidão.
Todos zombavam da fraqueza do condenado, mas ele, com toda a força gerada pela emoção de ver um futuro melhor, seguia até o lugar onde findaria sua extenuação de maneira letífera.
Indefeso, caminhava e sentia a agonia, mas estava ali para a perfeita expiação. Afligido, apenas queria pagar pelo erro de seus irmãos. Desse modo, seguia sem proferir uma palavra sequer.
Pela sua mente, passavam as imagens de uma vida totalmente voltada ao seu pai. Ele havia sido, um dia, admirado pelos que ali estavam, naquele momento, para ver sua morte.
O palco do findar das torturas e, junto a elas, de um antigo capítulo da história da humanidade. Foi morto pelos que ensinou, curou.
Foi morto pelos que O mataram. Antes que morresse, os perdoou.
Foi erguida sua cruz entre dois pecadores e no momento de maior agonia, conseguiu – através de sua calma e amor – mais um filho para seu pai. Além de perdoá-lo, ofertou-lhe uma morada em seu lar e lhe prometeu que, naquele mesmo dia, estariam os dois juntos a seu Pai.
O molde para uma vida perfeita.
Exemplo de obras irrefutáveis.
O perfeito e imaculado homem.
O perfeito e puro sangue.
O Perfeito Sacrifício.
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