Pegadas no São Francisco
Hoje acordou ensimesmada
inda bem cedo, cuidou da aparência
o pente no cabelo, a escova nos dentes
uma maquiagem? Para quê?
Olhou de soslaio seu vulto no espelho
viu-se amorfa, taciturna, vacilante
o resto de sono a toldar-lhe a visão
partido pela partida estava o coração
Perscrutou o ambiente, seu lar
aquele espaço composto no amor
olhou o olhar de cada ente
parou no do esposo amado
após, no dos filhos adolescentes
para ela, recém-nascidos
Não pôde ficar indiferente
verteu lágrimas sentidas
deixou escorrer toda a dor
que, renitente, não se foi
na esperança do “até breve”
Na mala, um porta-retrato
além da dor da saudade
um pijama, um travesseiro...
uma caneta e uma folha de papel
como instrumentos de catarse
No caminho, a paisagem em silêncio
por respeito, por reverência...
diminuía o elo entre o ontem certo
e o amanhã, de todo temido
onde espera lograr um sentido
Em cada curva, algumas lágrimas
que o sol causticante logo secou
senão suas lágrimas a avolumarem
o rio, pegadas acesas de poesia
demarcariam o “Velho Chico”
inundando toda a Penedo
Simone Moura e Mendes
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