Poema da saudade
Poema da saudade.
E naquele dia, nos despedimos...
Falamos alheios, choramos, até rimos!...
Era o adeus que chegava até nós.
E naquele instante tudo era lembrança:
Em nossos rostos a cor da esperança,
Nos olhos, o pranto deslizava em foz...
Em todos os momentos a saudade era ausente,
E depois deste abraço, tão presente,
Meu amigo, ela se fez neste mundo...
Mas te dei novo abraço; e mais forte!
Cicatrizando do peito o corte,
Que a saudade queria ver profundo...
Foi muito triste aquela tardinha
Pensei em palavras bonitas; não as tinha...
Mas, olhando os lados, vi dois pardais
Se banhando contentes em mornas areias.
E de súbito estremeceram-nos as veias,
Ao vermos voarem a lados desiguais.
Pensamos: Não nos veremos mais?...
Disse: Creio que não; Deus sabe o que faz!...
Vamos, dê-me, amigo, outro abraço,
Tão, ou mais forte quanto os que me destes,
De forma que o calor do peito ultrapasse as vestes,
Tal qual o calor do mês de Março.
Naquele mesmo dia quis ser poeta,
E deixar nossa amizade à vista, concreta!
Fundida no ardor das caldas dos cometas,
Batida pelo Divinal martelo,
Para assim ressoar num poema belo
Ao som das celestiais trombetas...
Foi isso mesmo o que fiz:
A saudade, única e principal atriz;
Minha vida, a mais cativa das novelas...
Ah! Meu amigo, se a ler chegares,
Saibas que andei nos antigos lugares,
A colorir as lembranças nas literárias telas.
E durante muitos e muitos crepúsculos,
Senti a seiva da saudade em meus músculos
Fluindo, fluindo sem fim.
E é essa mesma saudade que me acompanha,
Meu amigo, que me faz subir esta montanha
A gritar: Jamais te esqueças de mim...
Luciano Barbosa - 23/12/1998.
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