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Os Caminhos de um vencedor: Gabriel Mendes

O alagoano Gabriel Mendes se iniciou no judô desde quando ainda era chamado de “Baguiel”, pela prima mais nova Lila, com quem exercitava o lúdico e, vez por outra, se digladiava. Sua trajetória começou com os ensinamentos do Sensei Samuelson, na Escolinha Só Baby, seguido do Sensei José Filho, na Academia Algo Mais, depois com o sensei Jivaldo Santos, na Escola Patinho Feio; sempre, sob o incondicional apoio dos pais, seus maiores fãs e promotores. Aliás, ensaiava os primeiros passinhos e já parodiava golpes de boxe, ensinados por seu genitor Paulo Mendes - boxer e grande entendedor dessa modalidade e de outras lutas. Sem desilusões, no entanto, não fora o ringue, mas o tatame, o palco escolhido, a via estreita e árdua de sua escalada de vitórias.

Para lograr medalhas e os louros das tantas glórias, esse intimorato judoca não tinha de assimilar somente os golpes, as técnicas criadas pelo japonês Jigoro Kano. Teve de desenvolver uma robusta acuidade intelectual e espiritual, um formidável vigor físico; a capacidade de cair, levantar e derrubar para obtenção do ansiado yuko, wazari e, sobretudo, do ippon; suplantar as vicissitudes dentro do tatame, aquilo de que era capaz de vislumbrar, tanto quanto as forças ocultas fora dele, as mais imponderáveis e impiedosas; teve de enfrentar exaustivos treinamentos físicos, a rigorosa rotina alimentar instituída por seu genitor, que se revezava como professor de Educação Física, que de fato e de direito é, Nutricionista, Psicólogo, Técnico – em auxílio dos dedicados e experientes senseis Julio Edgardo Abraham e Weydner Wellisson -, além de um implacável gestor, mediante o respaldo da esposa, a extremada mãe do atleta, dos conflitos existenciais de um jovem que, às vezes, como natural, tende a vacilar e entregar-se às satisfatórias demandas juvenis. 

Como para muitos outros atletas, faltava-lhe, sobremodo, quem nele acreditasse e nele investisse, materialmente; nem os poucos visionários que creditam o Brasil como um celeiro de atletas, e, frise-se, Alagoas, com substancioso destaque, repousaram seus olhos argutos em Gabriel Mendes – ainda, pelo menos. Destarte, por falta de melhor estrutura de treinamento, vira-se instado a zarpar das Alagoas de seu coração, isso, em breves momentos antes da construção da tão desejada sede da Federação Alagoana de Judô - FAJU, no Bairro do Feitosa, sob a batuta dos incansáveis José Nilson Gama de Lima, José Cláudio Farias e Gilmar Coutrin Camerino e sob a coordenação de Julio Edgardo e Charles Guimarães. Fora, então, acolhido pelo Clube de Regatas Flamengo, passando a fixar-se no Rio de Janeiro, a expensas da família.

A despeito desses entraves, Biel, conforme, meigamente, chamado por seus familiares e amigos, segue colecionando feitos importantes. Arrebatara diversos títulos alagoanos e brasileiros - destaque-se o apoio da Academia Ophicina do Corpo, em Jacarecica e do SESI/AL; sagrou-se Tri-campeão Sulamericano; Medalha de Prata na Copa Internacional Europeia Sub-20, em Praga, em 06 de agosto do ano em curso - uma competição que reuniu mais de 50 atletas de alto nível (os melhores da classe sub-20 da Europa), somente nessa categoria. Quinze dias após desse grande e laborioso resultado, para orgulho dos pais, avós, tios, primos, amigos e demais torcedores alagoanos, ele, Gabriel Mendes, ostentou no peito a Medalha de Ouro no Brasileirão de Judô, realizado no Rio de Janeiro. Em muitas dessas competições, indubitavelmente, a arquibancada é o local onde seus pais põem em prova a resistência cardíaca, enquanto não soltam o grito de “meu filho é campeão!”, em delírio catártico.

Andam dizendo no Rio de Janeiro e noutros rincões que o sucesso de Gabriel Mendes, que se diz orgulhoso de sua alagoanidade, se deve ao cuscuz, inhame, macaxeira (aipim, mandioca) e batata doce, os favoritos de seu cardápio. Será?!

Ave, Gabriel Mendes! Continue exercitando nos tatames da vida sua técnica, sua força, sua raça, sem esquecer, por óbvio, que a humildade, também, delineia o espírito e fortalece os sábios. Aguardam, não somente os alagoanos, mas todos os fãs desse vasto Brasil, seus familiares, inclusive, sem olvidar de sua avó paterna, lá do plano espiritual, sua chegada com sucesso nas Olimpíadas Rio-2016.

Que lhe mirem os patrocinadores, garoto!

Simone Moura e Mendes

(Publicada em O Jornal, edição de 21/08/2012)

www.simonemouramendes.com

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Simone Moura e Mendes ESCRITO POR Simone Moura e Mendes Escritora
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