A MORTE DO BISPO SARDINHA E A INJUSTIÇA COMETIDA CONTRA OS CAETÉS

A MORTE DO BISPO SARDINHA E A INJUSTIÇA COMETIDA CONTRA OS CAETÉS

O episódio da morte do bispo Pero Fernandes Sardinha em 1556 permanece envolta em controvérsias, lançando uma sombra sobre a história do Brasil e, em particular, sobre a trajetória dos índios Caetés. Embora a narrativa tradicional atribua o crime aos Caetés, o texto aponta para uma versão alternativa, sugerindo que os índios foram injustamente acusados e pagaram o pato por um crime que não cometeram.

A versão oficial, amplamente difundida, narra o naufrágio da nau Nossa Senhora da Ajuda e o subsequente assassinato e canibalismo do bispo pelos Caetés. No entanto, pesquisadores questiona essa versão, apresentando evidências que apontam para a participação de Jerônimo de Albuquerque, aliado de Duarte da Costa, governador da Bahia, como o verdadeiro responsável pela morte do bispo. A motivação, segundo o autor, estaria na tentativa de Duarte da Costa de se proteger de denúncias que o bispo levaria a Portugal.

A acusação contra os Caetés serviu, então, como um conveniente bode expiatório. A coroa portuguesa, aproveitando-se da situação, utilizou a morte do bispo como pretexto para justificar a violenta repressão aos Caetés, culminando na "Guerra dos Caetés" e na quase completa aniquilação da etnia. A aliança dos Caetés com os franceses, no contexto do comércio do pau-brasil, agravou ainda mais a situação, fornecendo mais um motivo para a perseguição por parte dos portugueses.

O texto de Moura, portanto, destaca a importância de se revisitar narrativas históricas, questionando versões oficiais e buscando compreender as complexidades dos eventos passados. A história da morte de Dom Pero Fernandes Sardinha exemplifica como a manipulação da verdade pode levar à injustiça e à destruição de povos inteiros, obscurecendo a verdade por trás de um ato brutal. A narrativa, longe de ser um relato fechado, permanece aberta à interpretação e à busca por uma compreensão mais justa e completa dos fatos.

* Texto Escrito Por Ernande Bezerra de Moura