Viajor terrestre (tributo a Murillo Mendes, o alagoano)
Não fiques a velar a vida
que ainda te resta, viajor terrestre,
que no enfrentar renhido
de vales, montanhas e corredeiras
- sob densas tempestades -
em tempos idos e saudosos
tantos louros granjeaste
Ora, na suposição de realizado
face a loquazes conquistas
fazes de ti um esquecido... consumido
a salvo da aclamação da massa desvairada
- sempre órfã e mendiga -
que não cessa de buscar seus heróis
Não empanes o teu brilho incandescente
que se derrama, jorra, pululante
e esperneia em tua alma juvenil
embora mais que recôndita
jamais uma alma senil
Não te olhes no espelho
para desditar o branco das têmporas
nem os sulcos da tez
suscitados a rogo da cupidez
sempre inexorável do tempo
Enxerga além dos teus sentidos
o que há sob a camuflagem
de um espírito engalanado
e desencrava esse homem:
varonil, intrépido e viril
que ferozes lobos solapou
nos perigos do covil
Não te edifiques uma lápide no peito
como símbolo de redenção
declama, afinal, teus vivos versos
sob os acordes de pássaros canoros
vez que a vida, sempre nua
é vencida a cada inspiração
para quem quiser e souber viver
pois, enquanto há vida há ternura
e viver é viver e viver!
Simone Moura e Mendes
(Poesia do livro Eu mesma...nua)
Visitem, também, o blog: www.simonemouramendes.com
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